Aprendizes de Toureiros...

Seguindo as tradições acadêmicas que não parecem colocar horas de sono no calendário estudantil, saí do baile direto para a Garraiada, na Figueira da Foz... Depois de encarar um trem com mais estudantes bêbados do que o aconselhável, fomos para a praia tentar algumas horas de sono antes do que pode ser chamado de uma tourada acadêmica. Com direito a algumas paradas no caminho para alguns minutinhos de olhos fechados pelos canteiros da cidade, chegamos à areia branca sãos e salvos. Impossível dormir de traje sob o sol quente e com o frio que fazia na sombra... O jeito foi intercalar os dois e conseguir umas duas horas não-consecutivas de descanso. Baterias (quase) recarregadas, era hora de partir para a arena. De início, uma tourada como a que vi em Madrid... A única diferença é que em Portugal as pessoas parecem menos sanguinárias e só matam o touro nos bastidores, depois que a "diversão" já foi garantida. A platéia era um espetáculo à parte: com 90% das pessoas trajadas, as arquibancadas ganham um ar de televisão antiga, dominado pelo preto e branco. As fitas mais uma vez garantiam o colorido da festa, servindo para cumprimentar os toureiros...

A melhor parte, no entanto, fica para o final. Estudante que é estudante é inconsequente e, na época da Queima das Fitas, está bêbado. Por isso, soltam um garraio na arena e abrem espaço para os futuros doutores entrarem. Ali, todos deixam de ser alunos de qualquer curso para ser aprendizes de toureiro. Eram mais de 100 alunos correndo atrás de um pobre bezerro asusstado. A verdade é que todos os corajosos não faziam muita diferença: era necesário um primeiro suicida encarar o bicho de frente para que os outros - depois de domado o tourinho - corressem para o animal tal qual formigas para o doce... No final da brincadeira fiquei sabendo de um nariz quebrado e algumas entradas nos primeiros socorros da praça de touros. Pelo visto, também faz parte das tradições acadêmicas...