terça-feira, 27 de março de 2007

“Play it again, Sam”

Uma cidade européia em plena África. Essa foi a sensação que tive depois de uma visita relâmpago por Casablanca. Inicialmente, nosso roteiro não incluía a cidade que deu nome a um dos clássicos do cinema, mas o caminho a ser seguido fez com que passássemos algumas horas por lá, até pegarmos o trem para Tânger. Em vez de ficarmos cinco horas sentados num banco frio da estação, fomos convencidos por um taxista a fazermos uma visita guiada pela cidade.

Vista de dentro do carro, com direito à escapadelas rápidas, a cidade tem tudo
o que qualquer capital do velho continente me mostrou até agora. Letreiros de marcas famosas, avenidas largas, trânsito organizado, imensos jardins e as pessoas mais ocidentais vistas ao longo da viagem deram um ar de Europa à Marrocos. Bom por um lado, se considerarmos que já é possível enxergar uma invasão de qualidade de vida no continente africano. Em contrapartida, a sensação que se tinha a partir do discurso inflamado do taxista era que Casablanca não queria ser Marrocos. Uma pena ter essa mentalidade quando se pode ter o melhor de dois mundos…

Por falar em melhor de dois mundos, o destaque da cidade fica por conta da única Mesquita aberta
à visitação de não-muçulmanos. Apesar de não conseguirmos entrar por causa dos horários pré-determinados e desconhecidos por nós, a construção impressiona de qualquer maneira. No meio de uma cidade ocidentalizada ao extremo, ergue-se o maior minarete do mundo – uma torre de mais de 200 metros de altura – parte da Medina de Hassan II, segunda maior construção religiosa existente, logo atrás de Meca. Construída na primeira década de 2000, a Medina é linda e a iluminação noturna faz com que sua imponência seja maior ainda, ofuscando inclusive o mar logo ao lado. Numa espécie de praça, o pátio externo do local estava repleto de crianças e famílias, que aproveitavam o início da noite de sábado.

A visita à Casablanca foi mais válida do que o previsto, talvez por ter sido
uma das mais inesperadas. De certa forma, serviu para nos preparar para o retorno às estradas espanholas, à caminho de casa. Verdade que a curiosidade em relação a cidade existia mais por causa do filme de 1942, mesmo que eu soubesse que nenhuma cena tenha sido rodada ali… De qualquer maneira, dentro do táxi e em meio ao jogo de forca num café próximo à estação, a frase “Play it again, Sam” não saía da cabeça. Talvez, esta fosse apenas uma tentativa inconsciente de voltar nove dias e começar tudo de novo…

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