El Jadida seria nosso último destino marroquino antes de iniciarmos a volta até a fronteira espanhola. Mais uma vez num transporte de condições duvidosas, encaramos algumas horas para chegar à primeira parada litorânea do roteiro. Sair do ônibus na rodoviária foi o suficiente para substituir o cheiro azedo pela maresia, que já podia ser sentida ao longe. Já era noite fechada, estávamos ainda sem lugar para dormir e com as mochilas às costas. Pela primeira vez, depois de sete dias de viagem e alguns minutos de caminhada desorientada pela cidade, pensei que fôssemos dormir na rua. Com todas as portas fechando e as opções ficando cada vez menores, ficamos em um hotel no que seria o centro da cidade.
Uma volta de
reconhecimento pelo local nos levou direto ao que seria a orla da cidade. Mesmo com uma noite bonita e um céu que favorecia qualquer paisagem, já se podia perceber que o cenário não era lá grande coisa… Essa é uma das desvantagens de ser carioca: as chances de encontrar alguma praia como Lopes Mendes ou como as de Arraial ficam reduzidas ao extremo e toda opinião parece ser marcada por um bairrismo que nem sempre existe. Depois de uma tentativa frustrada de encontrar alguma coisa para ser feita à noite, acabamos por ir direto ao hotel, colocar o sono em dia para o dia seguinte.
Com o sol já alto, partimos rumo à descoberta de El Jadida. Ao contrário das outras
cidades, não tinha a graça e nem parecia muito típica… Pelo contrário, de aparência mais pobre e menos conservada, a principal e única atração turística era a Cidade Portuguesa de Mazagão, construída em 1513 para servir de entreposto comercial. Em 1769, depois de resistir à tentativa de invasão Moura, o Marquês de Pombal decidiu transferir a cidade para a Amazônia, no Brasil, região que também precisava de proteção. Por isso, a construção foi destruída e abandonada pelos habitantes, o que pode explicar o ar de “esquecida” que se percebe nas ruas do lugar.
É fato conhecido que Portugal não tem mais colônias, mas ainda é possível ver a influência exercida em muitos cantos do mundo. Seria muita pretensão achar que só o Brasil carrega traços lusitanos em sua cultura, mas não imaginava que isso iria tão longe. A cidade entre muros não tem muita graça, mas pequenos detalhes vistos em diversos pontos davam um ar lusitano ao território marroquino. Uma Cruz de Malta aqui e um restaurante português ali tiravam qualquer possível dúvida sobre a influência que existe no local e nos levam de volta ao país dos descobrimentos.
Um forte de grandes dimensões e imponência considerável era o que se via já na beira do
Atlântico. Com direito à canhões abandonados e altas muralhas, a conservação do lugar deixava a desejar. Andando pela cidade encontramos, ainda, uma Cisterna Portuguesa, inscrita como Património da Humanidade pela UNESCO em 2004. A arquitetura militar portuguesa do século XVI podia ser vista no seu melhor estilo: com arcos amplos e um jogo de luz e sombra bem feitos, os reflexos nas águas era incrível. Antes, o espaço era utilizado como armazém de armas e depois passou a ser um reservatório de água. Atualmente, o cenário escolhido por Orson Welles para rodar algumas cenas de Othello, em 1952, parece ser usado apenas como apenas ponto turístico… Vale a visita.
Na ânsia por ver alguma praia mais bonita, combinamos com um taxista de irmos a uma região próxima. No que seria uma espécie de cidade de veraneio marroquina, chegamos
a uma praia ampla e de areias claras. Não era nada de absurdamente lindo, mas era mais um cenário para completar a ideia de diversidade obtida até então. A beleza do lugar ficou por conta do contraste entre as ondas ao fundo e a quantidade de pessoas entre os corais: num jogo de saias e cores, ritmado pelo balanço do mar, era possível ver várias mulheres curvadas em busca de mariscos ou coisas do género. Uma volta pela areia e uns minutos sob o sol consideravelmente forte, bem diferente da neve vista dias antes, serviram para tirar a ferrugem daqueles que sentiam falta do mar. Ali já se tinha a sensação de fim de viagem: o caminho de volta teria início já nessa noite e Marrocos começava, então, a ficar para trás…
Uma volta de

Com o sol já alto, partimos rumo à descoberta de El Jadida. Ao contrário das outras

É fato conhecido que Portugal não tem mais colônias, mas ainda é possível ver a influência exercida em muitos cantos do mundo. Seria muita pretensão achar que só o Brasil carrega traços lusitanos em sua cultura, mas não imaginava que isso iria tão longe. A cidade entre muros não tem muita graça, mas pequenos detalhes vistos em diversos pontos davam um ar lusitano ao território marroquino. Uma Cruz de Malta aqui e um restaurante português ali tiravam qualquer possível dúvida sobre a influência que existe no local e nos levam de volta ao país dos descobrimentos.
Um forte de grandes dimensões e imponência considerável era o que se via já na beira do

Na ânsia por ver alguma praia mais bonita, combinamos com um taxista de irmos a uma região próxima. No que seria uma espécie de cidade de veraneio marroquina, chegamos

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