domingo, 23 de setembro de 2007

Brincando de Beckett...

- Casa comigo?

- Quem? Eu?

- É. Você.

- Não.

- Por quê não?

- Porquê eu não te amo.

- Ama sim. Só não sabe.

- Não amo. Você é o anti-eu.

- Por isso mesmo... Casa, vai?

- Nunca.

- "Nunca diga nunca".

- Tá vendo? Você é a rainha dos clichês. É impossível viver com alguém assim.

- Não estou pedindo para você viver comigo. Estou falando de casamento...

- E qual a diferença?

- Casamento não é vida. É sobrevida...

- Anh?

- É... É aquela coisa para a qual você volta no fim do dia, quando tudo o que tinha que ser feito já está terminado. É por isso que eu vou casar com você: você sempre volta.

- Isso não é casamento. Isso é tédio.

- Fica entedidado comigo, então?

- NÃO! Será que além de maluca, você é surda?

- Tá vendo? Você me ama...

- ...

- Se não amasse, não estaria aqui até agora, tentando me convencer de que não me ama. Você teria virado as costas depois da primeira pergunta... Você é burro?

- Eu sou maluco... Isso, sim! Ainda dou papo para você e para as suas ladainhas infundadas...

- Você ama as minhas ladainhas infundadas. Não ama?

- ...

- ...

- Amo. Caso contigo. Fico entediado contigo.

- Jura?

- Sério! Amo mesmo. Você está certa, se eu não te amasse, não estaria aqui.

- Agora eu não quero mais.

- O que? Como assim?

- Você muda de idéia muito fácil. A rainha dos clichês não pode casar com o influenciável. Seria um estereótipo em forma de casal. E o mal do clichê é achar que é original.

3 comentários:

Bárbara Cecília disse...

Carla, e ainda tem gente que busca nos livros de clichês as curas de que precisa... até mesmo seus maridos. Já tô virando fã...

Anônimo disse...

Adorei as reticencias! Acho q elas falam tanto. Adoro qndo usam!
Bj

Bárbara Cecília disse...

Passei para te desejar um bom fim de semana...