quarta-feira, 30 de julho de 2008

Aceita-se candidatos...

(www.vidabesta.com)

Está aberta a temporada de inscrições para Processos de Seleção. Nada contra dinâmicas em que as pessoas são pseudo-espontâneas e entrevistas pré-fabricadas. Só critico uma coisa quando consigo propor uma opção melhor e viável. Esse ainda não é o caso... Nesse script de recém-formado, no entanto, tem uma coisa que realmente me incomoda: as fichas de inscrição.

Tudo o que você fez até agora cabe em um formulário de uma página e meia. Isso se você tiver feito inglês, espanhol, francês, trabalho voluntário, intercâmbio, graduação, pós-graduação e mais algumas inutilidades técnicas. Sempre que termino de escolher as opções pré-determinadas que me oferecem, olho o espelho da minha "vida profissional" e questiono se é aquilo mesmo o que sou. Fico reduzida a alguns cursos e línguas fluentes, sem esquecer dos super-estágios que fiz enquanto deveria estar aproveitando as chopadas da faculdade. Pareço ter 10 cm de profundidade quando, na verdade, posso garantir que tenho pelo menos meio metro.

A cada processo desses fico mais descrente. Por "n" motivos que não valem ser mencionados. Mas também por ficar com a impressão de que a superficialidade é a alma do sucesso. Não questione, não ouse demais, não seja genuíno. O máximo que você conseguirá é um e-mail de "Agradecemos a sua participação..." na caixa de entrada. O que eles querem é que você seja simplesmente pró-ativo, empreendedor, criativo, enturmado, sociável e inteligente. Just like everybody else...

Se eu trabalhasse em algum RH seria mais clara em relação aos pré-requisitos dos candidatos: leia o livro do queijo e aquele outro do Buda com o executivo. Faça trabalho voluntário só para constar no currículo. Viaje e finja que aprendeu a respeitar todas as culturas do mundo. Não mencione os melhores e mais divertidos porres da sua vida. E não esqueça de usar a fantasia de empresário-mirim...

A partir daí, muito boa sorte na sua carreira pré-formatada!

Um comentário:

Pedro Favaro disse...

Pior que quanto melhor vc tenta deixar o curriculum ele...parece mais...vazio.
Eu sofro dessa sindrome...
Minto nada e mexo só quando tenho mto o que dizer nele.