Participo de um projeto que investe na educação de jovens de uma comunidade do Rio. Sábado passado dei a primeira aula de Redação - sobre um tema controverso - mas adequado à realidade da maior parte dos alunos. Coloquei em pauta a influência do meio em que vivemos nas nossas atitudes diárias. Expliquei de maneira simplificada a máxima "o homem é produto do meio" e trouxe a questão do livre-arbítrio.
Inicialmente assustados com o tema complicado, os rostos mudaram completamente quando o debate começou. O que vi em sala foi uma série de crianças decididas. Em meio à frases mal-estruturadas e pontuações fora de lugar, as idéias estavam em ordem. De uma maneira tão clara, que parecia óbvia. Fazer esse tipo de trabalho é, no fundo, um egoísmo altruísta. Levamos conhecimento para trocar por esperança... Por enquanto, eu tenho saído no lucro.
Na semana passada, minha mãe foi roubada. Em frente à escola que trabalha, com direito a sol de meio-dia, arma na cabeça, agressão verbal e tudo mais que vem atrelado à cena. Pela descrição, os assaltantes não tinham mais que 20 anos. Uns 6 ou 7 a mais do que os alunos de sábado. Ouvi uma pessoa dizer que foi por causa do lugar e comparei com o que vejo aos sábados. Não existe diferença. As condições faltam nos dois lugares. A realidade é seca nos dois lados.
Isso me fez ter mais certeza ainda de que a decisão é única e exclusivamente pessoal. E a pergunta que ecoou foi justamente essa: em que momento alguns deles se perdem? Ou melhor, em que momento nós os perdemos?
Inicialmente assustados com o tema complicado, os rostos mudaram completamente quando o debate começou. O que vi em sala foi uma série de crianças decididas. Em meio à frases mal-estruturadas e pontuações fora de lugar, as idéias estavam em ordem. De uma maneira tão clara, que parecia óbvia. Fazer esse tipo de trabalho é, no fundo, um egoísmo altruísta. Levamos conhecimento para trocar por esperança... Por enquanto, eu tenho saído no lucro.
Na semana passada, minha mãe foi roubada. Em frente à escola que trabalha, com direito a sol de meio-dia, arma na cabeça, agressão verbal e tudo mais que vem atrelado à cena. Pela descrição, os assaltantes não tinham mais que 20 anos. Uns 6 ou 7 a mais do que os alunos de sábado. Ouvi uma pessoa dizer que foi por causa do lugar e comparei com o que vejo aos sábados. Não existe diferença. As condições faltam nos dois lugares. A realidade é seca nos dois lados.
Isso me fez ter mais certeza ainda de que a decisão é única e exclusivamente pessoal. E a pergunta que ecoou foi justamente essa: em que momento alguns deles se perdem? Ou melhor, em que momento nós os perdemos?
7 comentários:
Fui lendo o último parágrafo já me preparando para acrescentar que isso não acontecia somente em determinadas classes ou ambientes... Mas aí veio a sua última frase e me fez sossegar.
Concordo plenamente com a idéia de que, mais do que influencia do meio, o caminho que se segue é uma questão de escolha.
É só olhar a nossa volta. São tantas as pessoas que estudaram no mesmo colégio que você, cresceram no mesmo bairro, cursaram a mesma faculdade e que, no final das contas, tomaram caminhos tão diferentes... Quantos irmãos conhecemos que, mesmo tendo sido criados na mesma casa, com a mesma rigidez (ou falta de), estudando nas mesmas instituições, no final das contas escolhem estradas completamente diferentes.
Acho um mistério esses “turn points” da vida...
Realmente é algo a se perguntar.Embora o ambiente contribua para esse tipod e individuo existem "n"s fatores que levam a isso.para mim a base contua sendo a educação.Sucesso com o Blog.Abraço!
Complexo demais! Sendo morador do Rio, infelizmente criei um custume de não me espantar mais com nada. Digamos que cansei. Mas essa minha total apatia perante toda marginalidade me incomoda. É porque eu nunca sofri nenhum tipo e agressão. Se um dia acontecer, talvez eu fique mais atento ao assunto. Estou tipo "tenho pressa e tanta coisa me interessa, mas nada tanto assim"... sabe? Tanto que nem consigo me expressar direito nos meus textos, procuro em palavras alheias algo parecido com o que sinto no momento.
adoro seu blog!
bjo
A sua parte você está fazendo. E isso, no mínimo, deve ser reconfortante. Precisamos nos acostumar, forçosamente, a conviver com esse tipo de vivência.
É um abismo grande...
Você escreve muito bem. Voltarei.
Abs.
EXCELENTE PERGUTNA!
em que momento nós os perdemos?
Aonde acontece isso!?
simplesmente de mais!!!
Carlaaaa... Quer escrever um texto de introdução para a revista que estou montando para os meus alunos?
Mando uma revista para você!!! :)
Ameii
...uma pergunta:
alguma vez o "encontramos",
para os perder?
ou somos todos simples reféns de uma sociedade hipócrita, desigual,
desinteressada e egoísta?
parabéns pelo seu cantinho aqui...
nos faz pensar...isso é saber "blogar"...
bjs, minina linda!
Postar um comentário