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Gargantas de Pedra
Partimos em direção à Marraquesh por volta de meio-dia e por alguns dirahms a mais do que o combinado inicialmente, decidimos que iríamos parar em alguns pontos ao longo do caminho. Marraquesh teria que esperar até o final do dia seguinte. Um dia inteiro de viagem poderia parecer cansativo, mas as paisagens encontradas pelas estradas compensaram qualquer possível tédio automobilístico. Com o primeiro carro ainda com todas as peças e em bom estado de conservação, percorremos com Mohamed – o primeiro motorista sem tendências suicidas que encontramos – as estradas do interior do país. Mais uma vez, a diversidade de paisagens foi impressionante: de oásis no meio da estrada, cadeias rochosas monstruosas e muita neve, vimos de tudo. E sempre com direito a paradas e olhadelas rápidas.
Num enfileirado de pequenos montes, tal como formigueiros gigantescos, vimos
uma série de poços artesanais para a retirada de água de um terreno aparentemente seco por completo. Em diversos pontos da estrada via-se pequenas aldeias com casas em terracota, que se mesclavam à quantidade de montanhas a perder de vista. Cenários sem nomes turísticos e que nem sempre figuravam no mapa, mas que ajudaram muito a colocar Marrocos como um dos lugares de belezas mais contrastantes que já vi.
Por falar em contrastes, a parada para o almoço do dia foi feita à
beira da estrada. Depois de alguns dias comendo em tudo o que era lugar, sem me preocupar com possíveis indigestões, já aceitava qualquer coisa… Kefta era sempre o mais pedido. Todos os estômagos resistiram fortemente, menos o do Paixão, que voltou a passar mal. Isso não impediu, no entanto, que saíssemos da estrada para ver dois grandes desfiladeiros. Duas enormes gargantas de pedra, capazes de deixar qualquer um sem voz. É praticamente impossível fazer justiça àquelas paisagens por meio de fotos e textos pretensamente escritos por uma viajante deslumbrada. Vale a tentativa…
O primeiro dele, Todra, era formado por enormes paredes que conseguiam o impossível ato de tocar o céu. O que
parecia ser apenas gigantescas paredes esculpidas pelo tempo acabou por se transformar no programa turístico da tarde… Muito válido. Lindo mesmo. Chegamos à segunda rachadura colossal com o cair da tarde e, por isso, passamos a noite em um hotel da região. As paredes altas já não permitiam que o sol chegasse ao fundo do desfiladeiro – o que não parece acontecer durante muitas horas do dia – e o frio da sombra já era perceptível. Para a felicidade geral dos viajantes, ao contrário do breu que encontramos no deserto, todas as estrelas pareciam estar concentradas na única faixa de céu que podia ser vista lá de baixo. Um espetáculo que teve continuidade no dia seguinte, com o clarão do sol iluminando o que só havia sido visto de noite. E lembrando que deveríamos seguir caminho…
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