domingo, 29 de julho de 2007

Reta final...

Coimbra está insuportavelmente quente. Exatamente da mesma maneira que eu a encontrei há quase um ano, no final de agosto, à procura de um quarto para morar. Se eu fosse uma pessoa objetiva, diria que nada mudou. A Praça da República continua a mesma, nenhuma rua teve o sentido alterado, não vi prédio algum ficar pronto... Mas eu sou subjetiva e, agora, a cidade tem outras cores e outros cheiros. Um cheiro sufocante de saudade antecipada espalhado por todos os lugares que fizeram parte da rotina do último ano. Três dias e uma passagem rápida para pegar as malas é o que resta para a minha Coimbra ficar para trás.Ao contrário do que diz a canção, não acho que a cidade tenha mais encantos na hora da despedida... Abracei Coimbra como pude desde o primeiro momento e nunca subestimei o valor dessa província estudantil. Tentei me envolver no maior número de assuntos relacionados à Universidade, procurando compensar os quatro anos de ausência de tradição acadêmica. Fossem festas, eleições para a Associação Acadêmica ou palestras, estava em todas. Valeu a pena. Talvez, por isso, seja tão difícil me despedir de tudo. Não se diz 'tchau' para o dia-a-dia, ele apenas muda sem que se dê conta. A única diferença é que isso acontecerá há 10 horas e um oceano de distância.

Tarefa complicada a de dizer adeus a lugares que marcaram tanto... Seja a biblioteca de Letras ou o Bigorna, não existe coisa alguma que não vá fazer falta. Quanto às pessoas, felizmente, só vou ter que me despedir de algumas. A maior parte já foi embora ou está pela Europa, conhecendo um pouco de mundo antes de voltar para debaixo das asas dos pais. As despedidas em doses homeopáticas aliviam a tensão e evitam grandes choradeiras... O complicado é que as pessoas mais importantes acabam ficando por último. E é sempre ruim dizer um "até logo" quando não se tem noção do reencontro. Fazem-se planos e promessas de viagens futuras, mas a verdade é que ninguém sabe ao certo quando o "quinteto fantástico" conseguirá estar junto novamente, seja no Nordeste ou no Sul do Brasil...









Foi um ano de cão. No bom sentido. Dizem que os cachorros vivem sete anos a cada um que passa. É exatamente essa a sensação que se tem ao olhar para trás e fazer a avaliação dos últimos meses. Seja pelo fato de estar sozinha e ter definitivamente que andar com as próprias pernas, as experiências são mais intensas, as amizades são eternas - à moda de Vinícius de Moraes - e é sempre tudo para "ontem". Quem tem as horas contadas não pode se dar ao luxo de perder minutos. Dormir menos é uma solução, mas nem isso serve para alongar dias, estender noites e perpetuar momentos.


Coimbra acaba em algumas horas. A minha Coimbra já começou a morrer quando parte importante dela entrou num avião rumo a alguma cidade do Brasil. Dos amigos portugueses, não comento. Cariocas de coração e adotados pela cidade maravilhosa, foram os primeiros que me receberam e é deles o último "tchau". Por causa deles, fui mais portuguesa, ao mesmo tempo em que era a única carioca genuína do grupo. Com eles, passei a maior parte do meu tempo, fosse em festas, cinemas, cafés ou viagens. Para eles não há mais nada a dizer do que um sincero e enorme 'obrigada'. Por tudo e por nada.












Seria pretensão pura pensar que deixaremos alguma marca na cidade que é única para milhões de pessoas, mas nada impede que eu ainda deixe segredos pelas pedras da alta e pelos degraus das monumentais. Vou embora de Coimbra com o coração na mão e a certeza de que fiz o melhor possível. Não há tempo, nem espaço para arrependimentos infundados. Daqui, levo algumas das melhores lembranças dos últimos 23 anos. Mais importante, levo pessoas. E levo também a chave da casa que foi minha no último ano. Talvez, numa fechadura qualquer, ela consiga me levar novamente para a Terra do Nunca, para Shangri-la ou, simplesmente, para 2006/2007 em Coimbra...





6 comentários:

Anônimo disse...

meu deussssssssss

é carlinha... acabou. mas como eu costumo dizer no meu jeito bem Manu de ser "o show tem que continuar". e o nosso 2006/2007 em Coimbra vai ser eterno, nosso. Serão memórias que nos lembrarão o quanto nós podemos ser inquantificavelmente felizes e melhores.

E que agora, no Rio, vc, assim como eu, possa pegar todo esse aprendizado e colocar no seu dia-a-dia. A vida nunca será como em Coimbra, ela mudou sua vida pra sempre. Como eu digo, existia Carla antes e agora existe a carla depois de Coimbra.

E eu estou aqui pra dividir com vc a nossa cidade que, apesar de tudo, continua sendo maravilhosa!!!

Beijos linda! Saudades!!!

Unknown disse...

É dificil, sabemos que este ano foi é e será sempre especial para vc e que ao terminar deixa um vazio, mas especial também será este próximo, se não tudo novo, muita coisa mudou e principalmente VC.
Beijos e feliz regresso

Anônimo disse...

Oi, achei teu blog pelo google tá bem interessante gostei desse post. Quando der dá uma passada pelo meu blog, é sobre camisetas personalizadas, mostra passo a passo como criar uma camiseta personalizada bem maneira.(If you speak English can see the version in English of the Camiseta Personalizada. Thanks for the attention, bye). Até mais.

Anônimo disse...

Acabamos de falar e como sabes não estou nas melhores condições :) . Queria apenas dizer que foram mravilhosos os momentos que passamos ao teu lado, todas as conversas, os jantares, os cafés no tropical, os concertos, tudo . Um obrigado enorme por teres aparecido na vida destes portuguesinhos . Deixo-te com um beijo, um abraço enorme e uma vontade ainda maior de te reencontrar e de voltar e permanecer nesse lugar incrível, nessa cidade maravilhosa.

Viva o rio e os cariocas ! saudades !

pati

Unknown disse...

FOI DE CHORAR. Até para quem nunca esteve em Coimbra.

Não sabia que ainda escrevia no blog.

Um beijo enorme, espero te ver LOGO.

Anônimo disse...

Inevitavel nao parar para ler esse texto... Completamente impossivelnao se emocionar e lembrar do que foi esse ano que passou!! Saudades, boas rocordacoes, vontade de voltar aquela vida que, ate certo ponto, foi perfeita! Agitacao, corre corre e, com certeza, dormir, muitas vezes, era perder tempo!
Pessoas que ficam na nossa vida e que vc soube muito bem descrever a nossa Coimbra, de todos aqueles que souberam explora-la...
beijos
Naiara