segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Voltar...

Desembarcar. Desfazer as malas e distribuir presentes. Perceber que não comprei quase nada para mim. Mostrar fotos. E revê-las pela milésima vez. Pensar que deveria ter registrado mais do que os modestos quase 8.000 cliques. Contar histórias. E começar a morrer de saudades já no primeiro dia. Avisar aos de lá que cheguei bem. Ir às festas. Tentar estar mais aqui, em vez de lá. Encontrar amigos. Fazer novos. Perceber que cansei de alguns. E adorar o fato de que outros continuam exatamente iguais. Estranhar a cama que sempre foi minha. Mas, mesmo assim, me sentir em casa. Dirigir. O meu carro.

PUC. Linha Vermelha. Complexo da Maré. E o engarrafamento insuportável de sempre. Ver o Corcovado antes de entrar no Rebouças. E ter a certeza de que o Rio é mesmo encantador ao olhar a Lagoa às 7h da manhã. Surtar com a primeira aula. E com a segunda. Ter vontade de voltar para a turma de Estudos Artísticos. Saber que não é possível. Pelo menos, por enquanto. Escolher o tema da monografia. Decidir fazer uma prova de mestrado em novembro. Começar a estudar feito louca o que os outros já lêem há alguns meses. Preencher formulários de processos de trainee. Esperar... Pelas provas. E pelo fim do trânsito caótico na Nossa Senhora de Copacabana.

Receber uma visita e virar turista também. Corcovado. Arpoador. Ipanema. Leblon. Pão de Açúcar. Posto 9. Teatro Municipal. Cinelândia. Biblioteca Nacional. Uruguaiana. Praça XV. Santa Teresa. Aterro do Flamengo. Lapa. Comer pastel de queijo e tomar água de côco. Ver que o Rio de Janeiro continua lindo. E perceber que, talvez, isso não seja mais para mim. Levar as coisas com calma, pela primeira vez na vida. E parar no mirante do Leblon para dar tempo ao tempo. Sozinha. Ter colo de mãe ao chegar em casa. Controlar o turbilhão de pensamentos que volta e meia transborda olho afora. Sufocar de saudades. Tentar, em vão, escrever linhas minimamente boas. Desistir. E começar a usar mais pontos que o habitual. "É para pegar fôlego, Carlinha...". Talvez seja.

Tomar decisões. Deixar Coimbra em Coimbra. Transformar a saudade em lembrança. Aproveitar o Rio. Começar do começo. Correr atrás. De qualquer coisa que seja. Voltar a nadar. Sair hoje. Amanhã. E depois também. Lapa todo final de semana. Circo Voador. Fundição Progresso. Teresa Cristina e Nelson Sargento. Alçeu Valença. Sambar. E ter companhia para isso. Passar parte da noite debaixo dos arcos, jogando conversa fora. Praia numa terça à tarde. Praia num domingo de manhã. Praia todos os dias da semana. Seja na Barra ou em Ipanema. Gostar de ser carioca. E não ser a única. Mais que isso, reaprender a gostar do Rio. Entrar, enfim, na rotina...

Ou melhor, como todo bom carioca, voltar para a cadência de um samba adormecido... Mesmo que os primeiros passos ainda estejam um tanto fora do ritmo.

9 comentários:

Unknown disse...

Voltei!
Sua desnaturada. Bem que posso mandar mensagens para o 91 que está sempre desligado. Sabe que não paga para receber. Receber é de borla por isso tanta gente gosta de receber :)
Noto bastante inquietude neste texto... Bem avisei que não ía ser fácil. Abraçar o mundo num ano e depois voltar à rotina dos anos passados é um calvário. Não se volta a habituar, à falta de melhor acomoda-se, tenta esquecer o que ficou para trás e aproveitar o continua connosco apesar de distante no espaço.

Beijo grande do carioca adoptado que gosta imenso de você ;)

Hugo

Impecável =)

Unknown disse...

Verade, as fotos e textos do Alentejo?
Lá porque passaste dois dias inteiros doente dentro da tenda não é razão para não teceres um comentário. Mal ou bem foram os teus últimos dias em solo português na companhia dos amigos ;)

Anônimo disse...

Carlota, Carlinha, cachinhos ruivos, AMIGA... É tão difícil falar algo, principalmente por saber e ver o quão parecidas somos, exceto o fqto de nao ser carioca e não ser uma futua jornalista... Incrível ler esses textos e me enquadrar tão perfeitamente ns suas palavras... O q posso dizer, é o q temos conversado sempre. No momento, nossa vida eh aqui, e eh aqui q temos de construir agora, principalmente com toda a bagagem de vida q acabamos de trazer! Saudaaaaaaaaaaaaaaaaades! Bjo gigante! Mil

Rachel Belo disse...

Ruiva, 'e otimo ter vc de volta. Mesmo q - de certa forma - pela metade. Sei bem q sentes. Em TODOS os sentidos. Mas passa, um dia passa. Mesmo q nao inteiramente. Daqui 5 anos, esse um sera ainda lembrado como o ontem.
Welcome back, darling. Saudades de vc. Mesmo!

Rachel Belo disse...

Nem uso esse blog ai de cima. Agora so o wordpress msm. Mas voltei pra ler. Tem coisa sua la. Hahahahaha.

Diana disse...

Que bom que você está de volta!
Beijão!

Anônimo disse...

Ei menina, cade vc? :-(


beijo

Маша disse...

tenho que confessar: quase que fiquei angustiada.
nunca passei por um situação assim, e a ideia de passar é realmente angustiante. e no entanto, adorava viver o que viveste! sair do meu país, viver fora, entrosar-me na vivência de um outro país... é preciso estômago, e no fim de contas aquilo que nos traz faz-nos maiores.
foi um prazer conhecer-te, apesar das poucas vezes em que estivemos juntas.
um beijo enorme =) *

Francisco disse...

Fixe o post. Muito... Trainspotting! "Choose your future. Choose life... "
beijos ;)